AMAZONAS: Pesquisa analisa perfis químicos de Plantas Não Convencionais para chás e fermentados

Pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) - via Programa Universal Amazonas - Edital 002/2018.

(FOTOS: Acervo da coordenadora da pesquisa, Jaqueline Araújo)

(FOTOS: Acervo da coordenadora da pesquisa, Jaqueline Araújo)

MANAUS - Caracterizar quimicamente e avaliar as propriedades antioxidantes de bebidas fermentadas e de chas, elaboradas a partir de Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) como flores de cacauí, frutos de maracujá-do-mato, araçá-pêra, pitaia, caferana e ora-pró-nobis, foram os objetivos principais de uma pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) – via Programa Universal Amazonas – Edital 002/2018.

De acordo com a coordenadora da pesquisa, doutora em Química pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Jaqueline de Araújo Bezerra, a elaboração de bebidas fermentadas e de chas a partir dessas espécies, caracteriza avanço tecnológico para o Estado do Amazonas, agrega valor às plantas selecionadas, estimula o cultivo das espécies por comunidades localizadas na capital e no interior do Amazonas para formação de arranjos produtivos locais e elaboração de novos bioprodutos amazônicos, além de contribuir cientificamente com o conhecimento da caracterização química e de propriedades antioxidantes de bebidas constituídas a partir de Panc.

As bebidas tiveram os seus parâmetros físico-químicos para avaliação da qualidade. O processo de obtenção dos chás foi otimizado, avaliando temperatura, métodos de extração e sazonalidade, bem como o processo de obtenção dos fermentados tiveram os parâmetros de temperatura, método de fermentação e tipo de levedura otimizados.

Jaqueline explica que as bebidas mais promissoras quanto às propriedades foram selecionadas para continuidade da pesquisa em projeto que está em andamento para avaliação da estabilidade dos compostos bioativos e o tempo de prateleira.

Durante o estudo foram elaborados fermentados de araçá-pêra, maracujá-do-mato e pitaia-roxa, todos analisados quanto à caracterização química, propriedades físico-químicas e antioxidantes. Também foram selecionadas espécies com aroma agradável para contribuir com as propriedades organolépticas, assim como foram elaborados chás de várias espécies como caferana, ora-pro-nobis e cacauí que também foram avaliados quanto a caracterização química e propriedades antioxidantes.

"Os resultados deste projeto permitem conhecer os perfis químicos e as propriedades antioxidantes de bebidas fermentadas e de chás elaborados com Plantas Alimentícias Não Convencionais, para elaboração de bioprodutos, caracterizando avanço científico e tecnológico para a região amazônica", destaca a pesquisadora.

Impacto

As Plantas Alimentícias Não Convencionais apresentam possibilidades para desenvolvimento de bioprodutos com alto valor agregado que podem ser convertidos em renda para toda a cadeia produtiva, desde o cultivo das Panc até a venda dos bioprodutos produzidos.

Segundo a pesquisadora, o impacto científico consiste na contribuição do estudo da caracterização química das bebidas elaboradas a partir das Panc, bem como conhecimento químico das matrizes vegetais e suas propriedades antioxidantes. Já o impacto tecnológico consiste na elaboração das bebidas e posterior depósito de processos e produtos.

"Espera-se a partir do conhecimento científico adquirido contribuir com o desenvolvimento do Estado do Amazonas e criar os arranjos produtivos locais necessários para posterior comercialização dos bioprodutos com alto valor agregado", observa a coordenadora.

Apoio

Jaqueline destaca que a Fapeam sempre apoiou suas pesquisas desde recém-doutora, o que a ajudou no seu amadurecimento científico e contribuiu com subsídios para outras pesquisas. "Esses projetos apoiados pela Fundação, além de contribuir com o conhecimento científico de espécies ricas em compostos bioativos, promovem a formação de recursos humanos qualificados em nível de mestrado e doutorado na área de química, materiais e biotecnologia", completou a pesquisadora.

A pesquisa foi desenvolvida no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam), com o apoio de pesquisadores e professores do Ifam, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), , da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e os colaboradores do grupo de pesquisa do Núcleo de Estudos em Ciência e Tecnologia da Amazônia (Nectam).

Artigos e publicações

Com relação às flores de cacauí foi publicado um artigo intitulado: "Edible flowers from Theobroma speciosum: Aqueous extract rich in antioxidante compounds".

Acesse:https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0308814621007299

Quanto ao fermentado de pitaia-roxa foi publicado um artigo intitulado: Fermented beverages based on Hylocereus lemairei (Hook.) fruits: Chemical characterization and antioxidant capacity evaluation.

Acesso: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/15490

E o capítulo de livro sobre chás de Panc intitulado: "Chas de Plantas Alimentícias Não Convencionais com propriedades antioxidantes".

Acesse:https://www.atenaeditora.com.br/catalogo/post/chas-de-plantas-alimenticias-nao-convencionais-com-propriedades-antioxidantes

Programa Universal Amazonas

O Programa Universal Amazonas da Fapeam visa financiar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas de conhecimento, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento do Estado do Amazonas.