A diferença entre Bolsonaro e Lula nas lives é um abismo

Enquanto Jair Bolsonaro curtia o sucesso da sua super live, a Polícia Federal preparava uma ação para apreender celulares e computadores no local onde ele estava reunido com a família.

Enquanto Jair Bolsonaro curtia o sucesso da sua super live, a Polícia Federal preparava uma ação para apreender celulares e computadores no local onde ele estava reunido com a família. A presença espetacular dos policiais teve cobertura equivocada da imprensa. Chegaram a dizer que os equipamentos encontrados no endereço de Carlos Bolsonaro eram da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). E também que, tão logo a polícia chegou à casa da família em Angra dos Reis, Bolsonaro fugiu de barco. Tiveram de desmentir toda essa narrativa fantasiosa. Lula até que tentou. Seguindo os passos bem-sucedidos de Bolsonaro, o presidente também resolveu fazer suas lives. Não deu certo. Com audiência que beirou a traço, a cada edição o número de pessoas interessadas caía.

O ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), Paulo Pimenta, tentou explicar o fracasso: "Fazer uma comparação de audiência numa tecnologia que é completamente distinta do que era há dois anos atrás é uma loucura completa". A "análise técnica" do ministro soou mais como desculpa. Aí chega Bolsonaro e põe por terra qualquer argumento governista. A audiência da super live alcançou a incrível marca de 470.900 espectadores simultâneos. Em termos comparativos com seu adversário, foi um massacre. Em linguagem futebolística mais concreta, o ex-presidente deu um chocolate no líder petista.

Não é exagero não. Se considerarmos os números médios atingidos pelas lives do atual chefe do Executivo, a live do seu rival teve alcance 81 vezes maior. Você não se equivocou na leitura não. A comparação está correta – 81 vezes maior. Pois é, Lula claudicou, já que chegou a 5.800 pessoas por programa. Até a última terça-feira, 30, a super live de Bolsonaro já havia se aproximado de 6 milhões de visualizações. Esse número isolado é quase o dobro da soma de todas as 20 lives de Lula. Na verdade, o presidente tem número pequeno de seguidores, são 5.7 milhões. É bastante, mas quando posto lado a lado com Bolsonaro se torna sofrível, pois o ex-presidente ostenta a impressionante marca de 15 milhões de admiradores. Três vezes mais. É muita diferença.

Lula perdeu o encanto? Ao que tudo indica seus discursos já não empolgam como no passado. Suas mensagens são inconsistentes, sem objetivos definidos. É um tipo de fala que não provoca interesse. Nas lives, então, o desempenho era ainda pior. Com perguntas feitas sob medida, respondia o que havia sido previamente combinado. Nenhuma novidade. Uma postura diferente de Bolsonaro, que vai abordando os temas à medida que surgem na conversa. Nada preparado. Nada combinado. Esse comportamento passa mais autenticidade e instiga as pessoas a acompanharem o que tem a dizer.

Sem contar que continua com sua irreverência. O ex-presidente não perdeu a chance de tripudiar. Depois de anunciar que Lula havia terminado com as lives, o senador Flávio Bolsonaro perguntou se ele tinha alguma sugestão para que o presidente obtivesse resultados melhores nesse tipo de participação. O pai do senador não perdoou: "Companheiro, é preciso falar a verdade. Mentir não leva a lugar nenhum, e, além disso, é importante não focar apenas em criticar Jair Bolsonaro. Parece que quando Lula vai dormir, ele, sendo recém-casado, em vez de dizer 'eu te amo', solta um Bolsonaro (imitando a voz arrastada de Lula). Aí a live brocha e vai pra baixo".

Esse trecho da fala de Bolsonaro fez a alegria dos seus seguidores. Deve ter sido assistido por milhões de pessoas. São essas tiradas próprias daquele que não se preocupa muito em refinar sua fala que envolve e conquista seus admiradores. O jogo de perseguição em curso contra Bolsonaro, engendrado com objetivos políticos ou não, parece estar produzindo efeito diverso. Quanto mais atacam, mais aclamado ele passa a ser pela população. Muitos interpretam que essas provocações não encontram respaldo em fatos reais. Tanto que os episódios se sucedem sem trégua. Assim que uma acusação cai no vazio por falta de consistência imediatamente surge outra. E se não há nenhuma narrativa contra ele, buscam seus aliados mais próximos. Dessa forma, tentam desgastá-lo e enfraquecê-lo politicamente. As redes sociais são o maior e mais poderoso recurso à disposição do ex-presidente. Enquanto boa parte da imprensa faz coro com seus adversários políticos, as "tias do zap" procuram mostrar o outro lado da história. Dessa maneira, conseguem neutralizar boa parte dos ataques que recebe.

Alguns disseram que a ação da Polícia Federal, que apreendeu celulares e computadores na casa em Angra dos Reis, onde estavam Bolsonaro e seus filhos, não passou de uma cortina de fumaça para desviar a atenção do sucesso da sua live no dia anterior. Verdade ou não, o certo é que esse fato fortaleceu ainda mais o apoio de seus aliados. Ou seja, se queriam prejudicá-lo, acabaram por beneficiá-lo. Mesmo estando inelegível, sua participação nas próximas eleições será fundamental para fortalecer ainda mais a posição dos conservadores nessa polarização do país. As próximas eleições nos darão um sinal e tanto para essa avaliação. Siga pelo Instagram: @polito