Com candidatos barrados e morte de opositores, quem pode tirar Putin do poder?

A certa vitória de Vladimir Putin nas eleições presidenciais de 2024 na Rússia, o que lhe dá um quinto mandato — ele está no poder desde 2000 — nos coloca diante de uma questão: existem alguém capaz de vencê-lo? Olhando para a história, todos aqueles que o ameaçavam morreram misteriosamente.

Com candidatos barrados e morte de opositores, quem pode tirar Putin do poder?

A certa vitória de Vladimir Putin nas eleições presidenciais de 2024 na Rússia, o que lhe dá um quinto mandato — ele está no poder desde 2000 — nos coloca diante de uma questão: existem alguém capaz de vencê-lo? Olhando para a história, todos aqueles que o ameaçavam morreram misteriosamente. O mais recente foi Alexei Navalny, líder opositor, que morreu no dia 16 de março em uma prisão no ártico em circunstâncias duvidosas. Entre os candidatos que disputam à presidência com Putin, só há três nomes, e nenhum deles soma grandes intenções de voto. O comunista Nikolai Kharkinov e o candidato do Gente Nova, Vladislav Davankov, contam com 6% das intenções de voto, e o ultranacionalista Leonid Slutski, com 5%. Apenas esses três foram autorizados a participar das eleições.

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Candidatos que ofereceram alguma ameaça para Putin, como Boris Nadezhdin, anteriormente a única figura anti-guerra e que conseguiu 200 assinaturas para se tornar candidato, foi impedido de concorrer pela Comissão Eleitoral Central (CEC). “Os candidatos são controlados. Aqueles que estão disputando o cargo com Putin são aqueles que o sistema permitiu que concorressem”, fala Valdir da Silva Bezerra, mestre em relações internacionais pela Universidade Estatal de São Petersburgo. “Outros candidatos que talvez pudessem oferecer o maior risco, ainda que pequeno, em termos de porcentagem eleitoral, eles acabam sendo impedidos”, complementa. Para Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper, os únicos, atualmente, que podem ameaçar Putin são os magnatas russos.

“Os magnatas russos detêm grandes fortunas que amealharam no processo de transição entre a União Soviética e a Rússia, e sustentam a liderança de Putin financeiramente falando”, fala o professor. “A questão é que Putin aos poucos também foi criando uma espécie de autoritarismo tão forte em torno de si que submeteu até propriamente a liderança desses magnatas”, acrescenta o especialista. “Hoje, não sabemos muito bem se são eles que controlam Putin ou se é Putin que controla eles”, complementa Consentino, acrescentando que se for a segunda opção, o líder russo no controle dos magnatas, então, de fato, não há ninguém que possa deter Putin.

oposição de putin

Porém, se o cenário for diferente, e os magnatas mantêm Putin como uma “marionete”, ainda “há esperança de que eles possam, de alguma forma, caso se unam, forçar alguma ação, alguma forma de confrontar Putin”. Apesar de serem a única ameaça ao poder dele, os magnatas estão longes de serem lideranças democráticas positivas. As eleições na Rússia começaram nesta sexta-feira, 15, e vão até domingo, 17. Ao todo, 112 milhões de russos foram convocados para votar. Há expectativa é que Putin vença com uma porcentagem de 70% ou mais. O especialista Valdir Bezerra, fala que esse alto número, “e vai demonstrar, pelo menos do ponto de vista retórico, que ele ainda conta com um grande apoio dentro do país”. Segundo as pesquisas, ele aparece como mais de 80% das intenções de votos.